quarta-feira, 13 de julho de 2011

Apenas hoje (e sempre)

Que hoje se vá o tempo;
Quero andar sem relógio,
Apenas olhar para o nada,
E ver aquilo se transformar,
Em tudo

Que hoje se vá o medo;
E que eu possa me atirar do penhasco
Sem medo de cair.
Agora não tem o tempo,
Nem o medo,
Só o tudo

Que hoje se vá o mundo;
E, por um dia apenas,
Haja paz.
Que eu possa olhar pro lado,
Pro passado,
Pro medo,
E para o tempo,
E ver que não há mais
Aquilo que um dia me fez chorar

Que hoje se vá tudo;
Mas que também fique muito,
Um sorriso, talvez dois,
Não mais que todos.
Que apenas não me abandonem
O sol, o chão e os meus pés


Rodrigo Aylmer

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Voar

Então vai lá
Sai de si,
Mas não mude;
Do jeito que está,
É pra ser

Vai lá
Veja que o vento não é só frio
Sinta de baixo das asas o arrepio
Da liberdade, que voa
Que é voar

Além do ar, o lar
O abrigo, o amigo,
Uma asa para se apoiar
Faça da casa um monte,
Um forte,
Bem alto
Pra se proteger
E perceber
Que a liberdade
Não está muito além do céu

Rodrigo Aylmer

Germinar

Faz sol aqui
Calor de verão
Mas sei que por dentro é inverno
E neva, graniza,
Chove; mas falta florir
A paz que brota
No coração

Faz inverno aqui,
Dentro, interno,
Escondido; ninguém vê
E espia: o sol lá fora
Sorri
Quer ir embora,
Chora
Está preso;
Chora

Faz falta;
Os nervos são frios
A alma é gelada
Quer sair e viver dela
Parece perdido...
Mas então abre
A janela
Vê o sol,
Coisa bela
Vê saída,
Sentinela
Vê a vida,
Passar com ela


Rodrigo Aylmer