quinta-feira, 16 de maio de 2013

A Rosa

O desabrochar da Rosa cidade
É sempre lento.
Tarda a provar,
De verdade,
O seu suor, o seu caule nú,
O que tens para dar
Quando a cidade apaga
As luzes tão escuras

Que finges tu não ver
Que o seu ar é vício
Já se sabe;
Mas cada pétala é um riso infinito
Cada sereno que cai sobre ti
É esmola
E a busca infindável pelo feliz
Faz queimar de fora desta flor
(Que tanto tarda a amadurecer)
Um incenso que ilude.
E faz pensar,
Saber, sim, saber,
Que o dia vindouro,
Para mim,
Sempre será o dia de seu desabrochar

Rodrigo Aylmer

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Os dias contados


Eu não sei mais reconhecer
Nenhum palpite do tempo
Sobre as colorações dos meus olhos
Quando veem quem me agrada

E se você quiser posso fingir soletrar
Os verbos que te rodeiam
Mas as letras se embolam no ar
E eu me vejo com os dias contados

Não consigo olhar pro lado
Sem ter medo de acreditar.
Eu não tenho sorte,
Só um pouco de aflição
Em errar,
Em mentir pra quem amo.
Embora todos os dias contados,
Um que foge a lei:
O dia em que viverei!

Rodrigo Aylmer