sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Brinquedoteca

A vida é um brinquedo
Do qual brincamos com estupidez

Quando percebemos seu degredo
Brincamos como se fosse a última vez


Rodrigo Aylmer

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Erros

Errar é arte
Errar faz parte
Errar é corte
Erro é cicatriz

Se não errasse,
Não seria eu
Sendo torto, quero ser certo
Sendo louco, vivo incorreto
Sendo pouco, passo direto
Vivo pouco, mas vivo de perto

Viver é errar
Só de pensar,já errei
Já errei tanto, meu Deus
Tenha dó
Tenha piedade
Só que errar é humano
Não faz parte do meu plano
Mas vou continuar ERRANO
E isso, por mais errado que seja,
É certo


Rodrigo Aylmer

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Acreditar

Acreditar em nós dois
Viver o agora
Acenando para o amanhã

Acreditar no depois
Esperar que não demora
Jogar fora a culpa vã

Acreditar no que se foi
Olhar para trás com glória
E pra vida como sã

Acreditar no que vem de fora
Saber que o amor não foi embora
E que a fé não é vã


Rodrigo Aylmer

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Penso

Um sorriso sai de seu olhar
E logo faz a diferença

Indeciso grito ao luar
Apenas para marcar presença

Preciso tiro para matar
A sua nua indiferença

Ranzinzo murmuro linear
Do velho com doença

É preciso mais que o bê-a-bá
Para mudar o que se pensa

Rodrigo Aylmer

Rosas de Concreto

A cidade
Com estúpidas e inválidas rosas de concreto
Ao invés de trazer vida ao que está por perto
Traz morte à paisagem que um dia existiu
Queria que não fosse verdade...

Rosas de concreto
Secas e pálidas
Cor de nada
Cor de sem cor
Com nada de rosa
Com nada de afeto
Com nada de amor

Se exibem orgulhosas
Para os jardineiros de cimento
Cuja arte é destruir e remodelar
A antiga vida,
Nas mortas rosas

Um dia elas não existem
No outro já foram plantadas
Escondem o sol,
Escondem a lua,
Escondem a vida,
Não mostram nada

Rosas de concreto
Estúpidas e inválidas
Floresceram onde a vida vivia
Um dia elas vão cair
E vai raiar o sol
Que antes a rosa escondia


Rodrigo Aylmer

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A Brisa

Delicada como uma pétala,
Ela veio sutil, discreta
Sussurrou no meu ouvido ideias
Ideias repletas de respostas,
Ideias de poeta

Me perguntava que era ela,
O que ela queria, de onde ela veio
Mas ela me respondia apenas com um sussurro
Que parecia não parar
E eu só pensava em como chegar em casa

Não entendia como uma simples brisa me dizia tanto
Naquela tarde de terça-feira
Quem sabe as minhas respostas eram ditas por aquele canto
Ou que minha vida parou por uma tarde inteira

As coisas vão e vem,
Tão discretas que me fazem rir
Quando eu não sei pra onde ir
A brisa me diz o que fazer

Rodrigo Aylmer

O apren-diz

Queria saber o porquê da música
Que com tanta dor expressa o que sente
Ou as vezes com amor, com fúria, como gente,
Como a gente,
Que só busca o futuro que quer ver

Queria saber como ser poeta
Que com tanta vida expressa a própria vida
Mesmo quando dita estar sem saída
Mesmo quando diz: Não tenho para onde correr

Queria saber o porquê do amor
Que mesmo sendo bobo, é tão perfeito
Que sendo tanto, afaga o peito
E ao logo de seu encanto,
Não se vê defeito

Queria ir mais além, de modo que não se meça
Mas se fosse, não teria graça
A diversão só seria fumaça
E a minha vida só seria uma peça


Rodrigo Aylmer

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A Eterna Dádiva

      Foi tudo muito rapido, muito discreto. Tao discreto que ninguém percebeu, exeto todo o mundo. Todo mundo que ainda sabia o que era olhar para alguém e nao pensar nesse alguém como um objeto de prazer. Todo mundo que ainda sabia o verdadeiro sentido da palavra "adimirar". Todo mundo que naquele pedaço de mundo, era apenas eu.
      Eu sabia que nunca mais veria tal cena. Sabia porque era um lugar inóspito por minha parte. Sabia porque nada acontece de uma maneira tao unica como aconteceu. Mas a certeza de que era inesquecível me consumiu de uma maneira tao singela, que me deu a falsa esperança de ser eterno. Por menos eterno que fosse, foi infinito enquanto durou.
      Era, por mais simples e discreta que fosse, um anjo. Nao no sentido figurado da palavra, mas era literalmente um anjo. Nao se via asas, nem auréolas, nem muito menos uma tunica branca. Apenas se vestia com um vestido amarelo, com varios detalhes que pareciam ser o sol. Ela era tão humana e tão divina, que me faltaram palavras para descrever. Bastou um simples olhar para eu perceber que ela era pura e única. E era estranho, pois ela passeava na rua, mas ninguém a via. Parecia que só eu pudia vê-la.
      O seu vestido era chamativo. Os sois unicamente estampados nele pareciam se virar conforme o sol se virava. Dava a impressão que eles queriam saltar dali e se unir ao grande astro. Foi quando apareceu uma outra pessoa, uma mulher que carregava um semblante tao pesado quanto a própria morte.
      Ela usava um vestido preto, esquisito, e estava claramente se mexendo pelo seu corpo. Ela se aproximou da bela moça e começou a discutir com ela. E elas gritavam tao alto, que era como estivessem apunhalando meus ouvidos. Elas começaram a se empurrar, se bater até que a moça de preto caiu, e com muita dor disse algo de maneira que desapareceu.
      A bela moça que ainda estava de pé olhou pra mim e sorriu. Ela apenas sorriu. Sorriu um sorriso de esperança. Sorriu o sorriso mais fascinante que eu ja vi. E depois ela desapareceu.Foi a ultima vez que a vi.
      Foram necessarios anos para eu perceber que o que  aconteceu naquele dia único foi o que é certo em conflito com o errado. Eu sabia que eles estão sempre em conflito, mas nunca tinha visto de uma modo tão claro. E eu percebi que ganha aquele quem você der mais atenção. Aquele quem você alimentar mais.Nunca mais vi nada como o que eu vi naquele dia.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Solstícios da Alma

Cinza chuva de inverno
A tristeza toma conta da cidade
O que era alegria vira saudade
E o que era de fora se torna interno

Durante dias longos e melancólicos
Vive-se no aconchego da solidão
E a certeza de que ainda vai demorar
Toma conta da isolada multidão

Branca chuva de verão
Com forte mormaço na praia e na cidade
Grandes nuvens surgirão
E tomarão conta do azul com voracidade

E então,
Por poucos minutos todos se recolhem
E deixam a chuva cair,
Limpando tudo em seu caminho
E no pensamento a esperança que já já vai passar...



Do meu amado irmão,
Daniel Aylmer

Guarde a chuva

Chove, chuva que chora
Que implora,
Para que não evapore no chão

Chove, chuva que choca,
Que cheira, que chega,
Que aconchega
Que à chamado
Trazendo a vida, a calma

Chove, chuva que chia,
Que cochicha,
Que cochila
Cochila tanto que cai das nuvens
Até o chão
E evapora,
Até ir para o céu,
Seu lar,
Seu colchão

Chove, chuva que rega,
Que não nega!
É chuva,
É vida,
Quem quiser tê-la
Reza




Rodrigo Aylmer