segunda-feira, 25 de abril de 2011

Fazer a Indiferença

      Tive o que dizer e me calei. Não acredito que isso aconteceu. Me juntei ao silêncio dos mudos, aos indiferentes, àqueles que não fazem diferença. Eu não me expressei.
      Tive a oportunidade e me calei. A voz do errado cantou mais alto. Como pude? Como pude não fazer nada? Aqueles olhos me olharam gritando, gritando sem saber, clamando por ajuda. Estampando um pedido de socorro maior do que eles mesmos, clamando por alguém. E eu não fiz nada.
      Ai, essa dor ainda me mastiga. Eu não entendo por que estava assim, tão perto, a oportunidade, mas tão inalcansável, inacessível, longe. O socorro pediu por mim, mas eu o desprezei. A voz do sofrimento berrou em meus ouvidos e, mesmo assim, não quis escutar. Eu sei que posso escolher. E escolhi. Não fiz nada.
      Eu fiz a indiferença. Fui mais um. Um dia me disseram que você só aprende a amar quando começa a se importar com os outros. Quando você olha para aquela pessoa que você não gosta e percebe que ela é falha igual a você. Que ela também ama, que ela também sofre, que ela também tem sentimentos, por mais fechada que seja. Você faz a diferença quando ama os que não amam. E, naquele dia, eu não fiz.
      É verdade, fiz a indiferença. Algumas coisas não tem como a gente mudar. Mas eu sei que, enquanto o sol brilhar na terra,e as pessoas acordarem e saírem de suas casas, oportunidades irão surgir. E eu não quero perder novamente a chance de dar uma chance àqueles que precisam de uma.


Esse texto é para aqueles que alguma vez já deixaram de fazer o que é certo. Há sempre outra chance.

Rodrigo Aylmer

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Soneto à Verdade

Ah se todas as cores, meras cores
Realmente fossem coloridas
Se todas as cores tivessem vida
E pra todas as vidas, amores

Se pra todo pranto houvesse ombro
E para todo ''te amo'', alguém
Se para todo penhasco, escombro
E pra todo manto, gente sem

Se toda alma tivesse partida
Da lucidez ou da ignorância,
Sem a tolerância da culpa vã

Se em todos houvesse infância
E, sonhando, vissem o amanhã
Então a vida não seria a vida


Rodrigo Aylmer

Abriu

Dias frios, me acompanhem
Nessa jornada de melancolia
Me acompanhem no dia a dia

Chuva de outono
Cai no meu ombro e deita
Me molha com sua sede,
Com sua saudade

Chuva de verdade
Finalmente você pode chorar
O sol nasce com sono
E some atrás do horizonte
Com a poeza de só sonhar

Chuva sem dono
Poderia ser seu,
Se soubesse quem eu sou
Tive a sorte de te conhecer
Mas se soubesse quem te choveu
Não sonharia em saber quem eu sou
Só pediria para eu não chover

Chuva de abril
Esse resquício de vontade
Me lembra a saudade
Que eu vou sentir
Quando amanhã você não surgir
E eu ver que seu coração
Finalmente se abriu

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Olhos Verdes

Incríveis olhos verdes
Tão puros,
São puros,
Vão seguros,
No rosro que ela tem

Lindos olhos verdes
São os olhos que ela têm
São os olhos que vêem além
Ah, cor perfeita,
Como eu queria ter-te!

Profundos olhos verdes
Vim vê-los de perto
Quantas histórias já viram
Quantos sorrisos sorriram
Quantos são como vocês?

Ah, cor dos olhos
Por que não estás nos olhos meus?
Vejo a vida em outros olhos
Mas você,
Vê a vida mais verde
Vê mais a vida
E o que são os olhos meus
Se comparados aos seus?

Rodrigo Aylmer